When a person moves away, they stops existing.

“Don’t be a stranger” they say, but that’s exactly what one becomes. 

All of it, normal. Does it help dealing with the fact of what I became? Nope. 

I moved away from people.

Changed country. 

Changed job.

Both of those took a toll on me, the country a bigger fee on my heart. The job? A bigger hit on the pride. 

For awhile, I kept talking and things seemed to be weirdly normal. 

People grow apart when they are apart. Nature. Natural.

So, naturally, the conversations became sparse, in frequency and then in words. 

Then it stopped.

I also stopped.

For me the biggest difference is this: if you didn’t move, for you, nothing changes. One person left, big deal, life goes on. Nature. Natural. 

I was the one that moved away. 

I was the one that took my grassy roots and planted myself on cold and wet terrain. And perhaps, 

I should be the one making a bigger effort. Yet, 

I’m tired to try to be where I am, so I don’t try to be where I’m not. 

I become disconnected. Nature. Natural.

*intermission* Should’ve also prefaced all of it by saying that I’m a hard guy to deal with. Wife knows, mom and dad knows and I believe about 5 more people know this. They are not fooled by the instagram posts. *end of intermission*

Working on a company that gave up on you, makes things harder. Being a father of 3 on a foreign country, even more.

Are those excuses? Well, sometimes I use them as a cloak, however, it’s a fact they exist and impact my life in a big way, especially being a father. 

I suck at being a good father. I am trying, but man, this is hard. Maybe it’s because I refuse to hand a phone to my kid so I can have a moment of peace. I prefer to be there. But

I’m not here for me. How can I be there for them? And

If I’m not there for them, how can I be there for the ones I left beforehand? 

If I’m not there for the ones I love, how can I be there for the ones I once liked? 

So I slowly stop existing for the ones I don’t see. 

Being honest? At work, I stopped existing even for the ones I do see. 

I moved away. 

I moved from the country it was once mine. 

I moved from the job I worked hard to get to.

I stopped existing for those I left behind. Nature. Natural. 

If it wasn’t for social network, I believe I would’ve seized to exist a long time ago.

I left some footprints in the cybernetic world that attracted the people that used to be with me. They saw residues of what I was when I was with them and that’s what brings us together. 

Once I started posting less, you see less of what you liked about me.

Once I started checking it, I see less of what I liked about you. Then we grow apart. Nature. Natural. 

All of this is very logical, right? All of it makes sense to most. Maybe not the part of seizing to exist, that’s how I see it. In my own loneliness, I feel that I slowly become a good memory in the mind of those who once knew me. Somebody they used to know. 

When I moved away, I stopped existing.

So I write. It’s not the why I write, but a good reason to do so.

Words tend to live longer than expected. For good and for bad. 

I may be fading. 

Your memory of me may fade. Yet

These words will carry some of me and, once read, these will show you who Wes once was.

Right now, this is who I am. Tomorrow, I believe I’ll be the same. 

This loneliness won’t go away overnight and no matter how many words I write, they will never keep me company, that privilege is reserved for the poet. 

I moved away. 

I moved away from the country I once loved and the job I once liked. 

I forgot and was forgotten. Normal. Nature. Natural. So,

I wrote these words for me to remember how I felt today, how I’ve been feeling for the last few years.

I hope in the future I’m able to write different words, better words, easier to read words, easier to write words.

Right now, this is who I am. 

Chove

Estou cansado. Very tired. 

É tanta coisa que piles up. 

.

.

Os meu cansaços são como livros numa Biblioteca. There’s plenty of them, various shapes and forms e podia escrever muitos mais. 

Podia ler os meu cansaços e os meus alentos em voz alta, mas eu não sei ler a minha dor de forma – brrrrskritaaa – coerente.

E tentar cantar ou tocar os meus cansaços e as minhas injuries? Ninguém tem paciência para música experimental que carrega a dor de um fado, de um fardo. 

Quem quer folhear as páginas de um livro sobre lamentações (sem ser do Jeremias)? Ain’t nobody got time for that. Talvez tempo tenhamos todos, mas vontade, yeah… I don´t think so. 

.

.

Cansado de barulhos, de vozes, de perguntas, de correrias. 

Só queria parar.

Só quero silêncio.

.

Não é não amar. Não é não querer. É só que eu gostaria de parar e ficar em silêncio, sem ninguém atrapalhar. 

Sem o silêncio, há choro e vontade de gritar e isso nem é de fora, sou eu. Tudo aumenta cá dentro. 

Uns querem que seja um líder, poucos que eu seja amigo, um filho, outros um pai, ela quer que eu seja um marido. Eu sou tudo isso para todos. 

Mas quem eu sou para mim? 

Tenho muitas lágrimas em mim. 

Tenho muitos gritos em mim. 

Tenho muita raiva em mim. 

.

.

Em mim, tenho muito o que fazer. 

Um obra por acabar. Umas paredes finas que mantêm uma cor descolorada e uma fachada de que sei o que estou a fazer. I don´t, mas finjo mal. Sim, eu sei. 

Cansaço de manter uma série de ossos a correr e uma série de músculos a crescer, mas uma alma que não sabe bem o que quer e um coração que vai na boleia do que acontece.

.

Meus olhos estão cansados e meus ouvidos estão cansados. Minhas mãos estão cansados e meus pés estão cansados. 

Meu coração está dorido e vocês já sabem o resto. 

Eu nem sei quem ‘vocês’ são. Escrevo sozinho e talvez alguém vá ler até aqui, mas saibam que mesmo que não leiam, já valeu a pena. 

Continuo cansado, continuo dorido. Isso não vai embora por estar escrito, até porque não escrevi grande coisa.

.

.

.

Chove em cima do meu PC, chove em cima de mim, chove dentro de mim. 

Pego uma protecção                 pego num casaco      chove dentro de mim.

Seca-se a água                        tira-se o casaco         chove dentro de mim. 

Cá fora é aquele sorriso, mas cá dentro?                  chove dentro de mim. 

.

.

E dizem que vão orar por mim, mas e conversar comigo? Porque não os dois? 

Thoughts and prayers?  How about Thoughts, prayers and talk to me, ask me stuff? 

.

.

Eu, por vezes, falo muito, mas acreditem, passo muito mais tempo em silêncio. 

Tenho muitas palavras em mim, mas sei que a maioria delas é porcaria. 

Tenho muitas coisas para dizer, mas sei que a maioria delas não servem para grande coisa. 

However, qual é o problema?  

Tantas conversas onde não se aprende nada e não somos menos por tê-las. 

Yeah, I got a lot crap to say and nobody to hear it and talk some bull back. 

.

.

Querem que eu seja líder, outros que eu performe sempre, uns poucos que tenha a coisa certa p’ra dizer.

Outros querem que eu faça coisas para eles, outros que seja bom pai, ela quer que eu seja um bom marido. 

Faço tudo isso e mais uns vídeos. 

E eu? 

.

.

.

Cansado. 

Dorido.

Farto.

Cheio.

.

.

Eu, agora, quero estar quieto em silêncio, mas quando abrir a boca, gostaria de ter uma conversa com outro alguém que não essas palavras.

.

.

Olha… 

                              …alguém tem um guarda-chuva para dentro de mim?

Considerações acerca da saudade. Fica bem dizer considerações no título, quando se escreve rabiscos desorganizados.

Eu já nem sei o que escrever mais acerca da saudade.


Talvez escreva sobre as pessoas que dizem coisas como “eu sei o que isso é” ou “isso passa” ou “então volta p’ra cá“.
E responder letra a letra e dizer que não, não sabes e se não estás cá fora, não vais saber. Não passa e isso é o que faz doer mais. Eu já estaria aí se o título da cena fosse o meu querer, mas não é, não sei o título disso tudo que eu faço acontecer e os restantes atos que me acontecem.

Talvez escrever sobre o que me faz ficar aqui? Well, a good job. That’s it. Próximo parágrafo.

Talvez escrever daquilo que sinto saudade em específico.
Saudade de ver um tractor estacionado num parque de estacionamento ou dos velhos que olham para as minhas tatuagens como se tivesse saído de um estabelecimento prisional há dois dias e estivesse a tentar reinserir-me na sociedade (ahahah tão bom).
Saudade de ter azeite para acompanhar tudo e mais alguma coisa.
Saudade de poder ir ter com amigos ao café, sem assunto, sem objectivo, mas apenas porque é algo que fazemos por fazer, faz parte de ser e estar em casa.
Saudade de sair a noite e ir passear com a minha esposa, sabendo que meus filhos estão bem com os avós ou com os tios ou com os primos ou com alguém que a gente conhece e confia, you know, família.

*sigh* Escrever sobre saudade não ajuda. Quem diria?

Talvez seja melhor parar de escrever. Não para sempre, porque isso é doença, mas p’ra já.


A minha dor dói e partilhar não ajuda.

O que ajuda é saber que não estou só e isso é normal para quem sofre do mesmo, aquele mesmo de sentir saudade de casa.

Até um dia desses.

#untitled

I don’t know what to write, but I know I need to write.

The kids are asleep, there’s no sound around me since all my neighbours are working and the birds are also taking a nap. It’s me and my thoughts and that’s not a great combination.

The thing is that I feel alone, I’m actually tired of being alone.
It’s not alone as in I don’t have anybody, I do, I have my wife and kids, co-workers and church brothers, but I can’t help but to feel alone. I know my wife feels the same.

I’m not sure if it’s the ‘not being in your country’ alone. I sure feel the lack of support when I have two kids, no family around and having to pay five hundred and whatnot pounds for nursery when they are not even being trained to be astronauts, it’s just a nursery.
My availability sucks, ether it’s for social appointments or professional. People think I make excuses, but when I don’t have the kids, my wife does and she doesn’t, I do. There’s not time off, no family to help or close friends. I’m not talking about a whole day with them, but it would be great to have time to have dinner just me and my wife that’s all.

I didn’t ask for your opinion in this matter, this is how I feel. Wether you agree or think I need to ‘man up’ that’s on you, but I feel tired.

 
Whenever I speak to an English person, they don’t get it and why should they? They are living in their own country, no children and pretty satisfied in working, going out and repeating the cycle. I never asked for people to agree with me, I just hoped for some empathy. Empathy is long forgotten and I shouldn’t expect it. I still do, a small amount of me still expects some…

Then there’s work…
The effort seems to amount to nothing as things just get harder and harder and harder and the expectations grow higher and higher and higher and alongside that, there’s a empty hole inside of me that seems to follow that same growth. The fact is I only do it for the people around me, for the people who share the same burden.
I just hope things get a little less hard and there’s some reward in not giving up.

Every day, I wake up and just mindless follow the routine.
I try not to think about going back to Portugal.
I try not to think about giving up.
I try not to think about the loneliness I feel.
I try not to think about how tired I feel and just get on with it.
I try not to run away from all of this.
I try to smile.
I don’t have enough strength for all of this, so I need to turn my face to God. I’m not doing a great job at it.

We keep driving on cruise control hoping our feet don’t press any of the pedals and make things go too fast or our hands don’t lose control and the whole car just crashes against the only wooden pole on this desert we’re in.

Escrevi tanto, mas nem pensei no título.

Porra! O tempo passa.

Passa e voa.

Quero escrever isso, mais para ler mais tarde do que para outra coisa. Não esquecer do que pensei, da ideia que tive, do momento que vivi.

Escrever aqui que amo a minha mulher.

Porra, eu sou casado. Eu, Wesley Ferreira, sou bem casado.

AHAHAHAHAH a imensidão do tempo que passou de eu ser sozinho, andar sozinho pelo parque de Queluz, a ouvir The Hives e The Kooks, andar sozinho por Cacém ouvindo gravações do John Peel, descer Chelas sozinho no meu Peugeot Junior 205 (eu sou a única pessoa que conheço que teve um carro antes de ter carta, aliás, ainda não tenho AHAHAHAH), descer sozinho a rua da estação de Oeiras de skate. Tudo em horas que homem não devia estar acordado. Se tenho orgulho? Era um miúdo muito estúpido. Sim, orgulho-me. Se calhar ainda sou.

Tudo sozinho. Aprendi a lidar na altura. Achava eu.

E vi a miúda mais bonita do mundo no Hard Club, num concerto onde, eu rodeando, o Sami cantou com o Manel Cruz. Não sabia quem era, mas fiquei naquela, miúda gira.

Encontrei mais tarde no almoço de anos do Guillul. Ya, é gira.

Do Facebook passou para Messenger, do Messenger para mensagens, de 96 para 91, de nada para chama acesa, de tanto chamar, ela veio.

O pessoal não sabe, mas ela disse que não da primeira vez que a pedi em namoro. Brincou com meu coração. Nessa noite, eu e o Alex dormimos na praia, a chover, com os CD’s da FlorCaveira. Comprei dois vinis á mim próprio, por estarem molhados. Dois V’s do Guillul. Apanhei a maior constipação da minha vida, a sério. Alex foi companhia precisa. Sempre. Longe. Perto.

Disse que não ia falar com ela mais. Ela mandou mensagem e eu voltei a falar com ela ainda mais.

De constipado virei apaixonado de novo, dessa vez mais macho. Era muito maricas, todo sentimental da vida, chato. Na, dessa vez, tomei as rédeas da paixão e tentei subir no touro dos sentimentos AHAHAHAH Caí bem AHAHAHAH Atrasado da porra.

Tentei uma cena nova. Ser eu mesmo. Resultou.

Ela veio do Porto depois de uma noite de trabalho. Eu, mesmo assim, não sabia ler as coisas.

No apartamento em Chelas, Zona I, eu beijei ela, sem saber se ela queria namorar comigo.

Claro que ela queria abestado.

Porra! O tempo passa.

É que não só namorei, mas casei.

Sabem aquele nervoso de não saber se vamos conseguir viver juntos? Não no sentido de nós um para com o outro, mas nós para com o mundo. Mobília, contas, comida. HAHAHAHAHAHA Hoje, eu rio, sentado na minha cadeira de baloiço. Olhando para minha esposa a falar com a mãe dela, sentado no sofá, na aparelhagem roda o Radiola ‘Balada do Amor Inabalável’ dos Skank. A vida não podia ser mais filme.

E vou ser pai. EU VOU SER PAI AHAHAHAH VOU SER PAI PAAAAI FATHER A DAD EU VOU SER O QUE MEU PAI FOI P’RA MIM VOU SER PAI DE UM SER ENSINAR A ANDAR ENSINAR A BATER UMA BOLA… wow WOW

O TEMPO PASSA. O TEMPO VOA. O TEMPO CORRE. O TEMPO NÃO DEIXA NINGUÉM O APANHAR.

Eu vou ser pai. Repito isso com lágrimas nos olhos, tentando não chorar, p’ra esposa que fala com a mãe não ficar preocupada. Preocupa não fofa, macho nessa hora chora, mas chora de ser feliz e não poder gritar.

Acabo por chorar. Ya, vocês a ler algo que eu escrevi a chorar. 

O tempo passa. Quando acabarem de ler, provavelmente, estarei a sorrir. Ou a dormir, as pessoas ficam acordadas até altas horas, hoje em dia.

O tempo passa.

Um dia, vou morrer. Tenho medo de morrer. Muito por saber que, se morrer agora, sei que não irei pro céu. Desviei do caminho que meus pais me ensinaram, o caminho em que devo andar. Amo Deus, mas não falo com ele, não tenho uma relação com ele. E choro mais. Esse dói. A gente sabe que está errado e sabe que é preciso mudar. Não mudo… E tenho medo de estar certo. Estar certo e não ir passar a minha eternidade com o meu Deus.

O tempo passa e a gente não apanha o tempo.

A gente apanha gripe, apanha fruta, apanha no rabo, mas não apanhamos o tempo.

Hoje, eu sei que o dia de hoje foi bom.

Hoje, sentarei na mesa com a minha esposa e vou comer take away do indiano.

Hoje, olho para a minha esposa e sei que a amo.

Hoje, sei disso.

Amanhã, não sei se vou esquecer disso tudo. Não tenho mãos para o que o hoje tem, não tenho mochila grande suficiente para o passado e não tenho óculos do futuro.

Hoje, sei que sou abençoado. Deus não me abandonou. Deus me abençoou.

Choro e sorrio.

Nessa hora, macho também chora, mas chora de ser feliz e não poder conter gratidão. Sai lágrima de um copo cheio.

Corpo cheio.

De gratidão.

Nada demais, são apenas algumas palavras que gostaria que me tivessem dito quando passei pelo mesmo.

Nada demais, apenas algumas palavras que gostaria que me tivessem dito quando passei pelo mesmo.

Depois de ter escrito isso, pensei no peso que essas palavras transportam.

 

É que essa frase não é escrita de uma vez só, é uma frase que vai sendo escrita ao longo dos tempos, do meu tempo, depois passa a ser do teu tempo. Do nossos tempos.

 

É algo que vai crescendo na mesma medida em que se vai vivendo. Uso gerúndio para perceberem a ideia de continuidade. Não pára de ser escrito.

 

Quem escreveu algo assim para outro alguém? Quer tenha sido em papel ou em folhas de ouvido? “… apenas algumas palavras que gostaria que me tivessem dito quando passei pelo mesmo.”

Isso é como passar um testemunho, aliás, é exactamente como passar um testemunho. Algo que carreguei e que, agora, passo-o a ti. Diferença? Já o carregas, eu só te digo o que gostaria que me dissessem quando eu carreguei isso sozinho.

 

Eu nunca fui o receptáculo de uma frase dessas. Não nesses termos, termos que aceitaria ao simplesmente ler, termos que meus olhos obrigar-me-iam a aceitar, testemunho que meus ouvidos aceitariam sem eu querer.

 

No entanto, escrevi isso a alguém.

No momento em que essa pessoa leu, eu passei a fazer parte da frase que ela está a escrever. Eu já escrevi aquele capítulo, ela que aperfeiçoe as minhas palavras de acordo com o livro dela. Sim, exactamente isso. Ela aproveita o meu rascunho e escreve algo melhor. Ou pior. It’s up to her.

 

Só pelo facto de eu ter partilhado, sinceramente, orgulho-me.

Para ser sincero. não fiz nada mais do que o meu dever.

Partilhar experiências, partilhar dores passadas, partilhar nossas histórias, é ajudar alguém a viver as experiências, ajudar alguém a sarar a dor ou apenas alguém que oiça e as guarde para si, como alguém que guarda um lembrete importante.

 

Escrevi memórias em palavras, contei-as a ti, faz o que quiseres com elas. Tenho vontade de dizer, cuida bem delas, porque doeram a escrever, mas não, contá-las é o máximo que eu posso fazer. O resto da história cabe a ti escrever com as tuas próprias palavras, usando a tua letra, com os teus erros de caligrafia.

 

Nada demais, são apenas algumas palavras que gostaria que me tivessem dito quando passei pelo mesmo.

Nunca se escreve demais.

Existem momentos de inspiração.

Sinceramente, e depois de muita porrada, acho que os momentos de inspiração devem ser tratados como os momentos de raiva. É preciso parar, pensar e só então agir.

Sinto-me num desses momentos.

 

É difícil fazer duas coisas quando estou assim: pensar e parar.

 

Quando era mais novo, as coisas que escrevi nesses momentos eram bastante românticas. Não me arrependo. Era miúdo sem namorada, as palavras davam razão para sonhar e os sonhos razões para escrever. Vivia bem nesse ciclo de amar ninguém e ser correspondido.

 

Mais tarde, ainda tive moções para textos activistas. Não. Just no…

 

Hoje, e como escrevi no texto atrás, parei de escrever.

No entanto, continuei a ter urgia de escrever. No início, pensei que não escrever quando queria, era uma espécie de disciplina interior. Hoje? Só uma estupidez sem tamanho. Não que escrever quando tenho vontade signifique algo bom, mas a verdade é que a maior parte das vezes, é.

Se formos parar para pensar, escrever pode ser, e para muitas pessoas é, uma forma de dizer coisas sem falar. Às vezes, magoa menos. Às vezes, magoa mais. Às vezes, previne-se lágrimas. Às vezes, chora-se. Tudo escrito, como uma ilusão de não doer. Tudo dói. Alguns gritam, outros escrevem.

 

E escrever assim, muitas vezes, é não separar. O quê? Tudo. Nada. Sentimentos. Frases. Baralha-se. Mistura-se.

O resultado pode agradar quem escreve, mas quem lê, não percebe. Já fui assim. Escrever, ou tentar, escrever poesia pode ser uma tarefa complicada, se não soubermos desemparelhar amores dos dissabores e, pôr em papel, o que apenas é.

Sinceramente? Nunca fazemos isso. Quem escreve poesia num momento de inspiração, sente-se amado pelas próprias palavras. Elas traem-no e levam-no a pensar que o amam. E poeta não é quem ama as palavras, é quem consegue pôr-las de forma a que amem, passando a ser extensão do poeta. Deixam de ser palavras, passam a ser poesia. Não sei se me entendem.

 

Nesse último parágrafo, viram-me a ouvir a inspiração. Sabem porque? Num momento de raiva, a forma como ages, revela algo sobre ti. E escrever e não parar é das melhores sensações que conheço acerca de mim.

Escrevi demais.

Paro.

Penso.

Nunca se escreve demais. Lê-se é de menos.

Gostei.

Não sei porque perdi a vontade de escrever. Talvez por ter perdido a vontade de ler.

Talvez por ter amigos que não lêem as minhas coisas.

Talvez por achar que a escrita, a minha em particular, começou a ser demasiado. Demasiado o quê? Boa pergunta.

Talvez por não achar um balanço entre o que escrevo e o que faço. Não que não faça o que escreva, mas que não escrevo o que faço. Letras que sangram. Ninguém gosta de ler coisas pesadas.

Talvez por achar que isso de escrever, da forma que eu escrevo, é “piroso”. Escrever como Ricardo Araújo virou modelo, eu virei moda. People tend to forget a moda, mas têm sempre um modelo na mente (por favor, atenção aos significados que dou a palavra modelo, não sejam burros).

Talvez por deixar de ter paciência. Antes era um miúdo bastante paciente, aguentava, ouvia, comia muita porcaria que não queria. Perdi isso com o tempo. Se arrependo? A reposta é balancear as coisas. Sempre fui gordo.

Talvez por ter começado a jogar bastante no PC ou em consolas. Um mundo que antes era lido, passa a ser visionado, de maneiras diferentes, mas nem por isso menos impressionantes. Apesar disso, sinto saudade de ler mundo impresso. Não que não tenha livros, quem não tem livros nesse século, não é burro, é animal.

Talvez por não ter percebido se as pessoas entendiam as entrelinhas dos meus textos. Eu tinha a mania de sonhar em letras. Nem sempre o meu sonho cabe em letras, mas as entrelinhas agarram sempre algo mais. Se é que entendem.

Talvez por ter mudado de cidade bastantes vezes. Mudar de cidade é, muitas vezes, mudar a forma de ser. Passamos a ter a cidade em nós e, dependendo da cidade, tudo muda. Ou nada. Estar num país estranho ao meu, onde a língua usada para fazer amor é outra, acabo por não ter a mesma facilidade para sonhar em Inglês. Shakespeare escreveu bem, mas o meu Camões era digno de se-lhe tirar os óculos.

Talvez por não perceber muito bem como evoluir a escrita. Sempre fui um gajo esperto, mas péssimo aluno. Aprender as lições da vida sempre foi motivo de visita ao director. Até hoje falo com ele, tal as vezes que decorou os meus caminhos.

Talvez por não saber parar num estilo de escrita e tentar escrever algo novo, ser, em letras, algo novo. Sempre tive essa ambição de criar algo novo. Quem não tem? Usar a escrita nem foi algo pensado, saiu. E, não sendo pensado, não sei parar ou se devo parar. Quando parar quando não se sabe para onde ir?

Talvez por não querer ser mais um dos pseudo-poetas, que acabam por estar associados a putos estúpidos. Se bem que usar a palavra pseudo, é ser estúpido. A maior parte dos jovens que escrevem poesia, escrevem coisa manhosas da mesma forma que o jovem anterior, numa espécie de filinha pirilau de estupidez semântica. Ao menos escrevem. Eu é que não vou ler.

Talvez por ter começado a ver mais vídeos e menos letras. Eu leio, não sou nenhum atrasado, mas leio muita coisa corrida, nada que se assemelhe a um livro. Devia fazer uma colectâneas de leitura corrida, não iria interessar ninguém, a internet oferece tanta merda a quem não tem critérios. Os vídeos são o fast-food do povo. Sempre fui gordo.

Talvez por ter começado a namorar. Parece que tudo o que escrevi até hoje, foi tudo para ganhar uma miúda, porque depois disso, raramente escrevi de novo. Até parei de ser romântico. Olha, talvez foi por isso que parei de escrever, parei de ser romântico. Os românticos olham para a vida com um olhar mais iludido, vendo sorrisos em cada mendigo, prazer em cada bosta pisada, alegria em cada porrada no autocarro, os românticos são sonhadores em óculos 3D. Ser um, é fácil, olhar para um, nem por isso.

Talvez por ter começado a ler o que escrevia. Pareceu bom até pouco tempo. Depois começou a parecer leitura de drogado, depois palavras de um puto e, finalmente, apercebi que era cliente do cinema 3D dos outros gajos, os pseudos. Porra.

Sinceramente, não sei o porque de ter parado de escrever, acima de tudo, acho que foi por ter parado de ler. Tanto que o que escrevi, mas acima de tudo, o que escreveram para mim. Nada em específico, só tudo. Quem escreve, escreve para alguém. Sempre. E eu parei de ler. Chegar a essa conclusão, deixa-me triste. Nem sei onde pôr as vírgulas. Já os pontos, faço-os de propósito, não sou nenhum animal.

Independentemente da razão, gosto de escrever.

Posso não ter jeito para isso, posso escrever demasiado, posso não encontrar balanço, posso ser “piroso”, posso ser impaciente, posso ser distraído, posso não entender as minhas próprias entrelinhas, posso ter mudado bastante, posso não evoluir, posso até parecer um pseudo, mas, agora, enquanto escrevo, gosto daquilo que leio. Gosto de ler o que acabo agora mesmo de escrever.

Gostei.

Para o meu Irmão

Gostaria de não ter jeito nenhum para escrever, mas saber agir da maneira certa, quando é preciso fazê-lo. Escrever é fácil, não me interessa o que dizem, escrever é fácil. 

 

Só espero que meu irmão saiba que isso não são só palavras escritas.

 

Lucas, eu te amo. Quero que saibas disso. Eu te amo.

 

Até um dia desses, ok? 

Ok. 

Senna

Senna.

Como eu não quero dar lições de história, não vou ser coerente na posição cronológica dos acontecimentos.

Desde criança, meu pai ensinou-me a gostar do Senna. E, desde criança, gosto do Senna.

Na escola, após a sua morte, Senna era História. Não história, História. Sempre foi claro que, para mim, enquanto brasileiro que também sou, eu teria que saber e carregar comigo quem foi Senna.

A verdade é que cresci e esqueci. Esqueci do peso que o nome Senna carrega, mas, e mais importante, esqueci de saber quem era e o que fez Ayrton Senna da Silva.

 

 

1984. Mónaco. 9º. Senna arrebentou. E, tenho a certeza absoluta, só não passou Prost (legalmente), porque pararam a corrida.

A partir daqui, o mundo sabia quem era Senna.

 

E com Senna, o mundo conheceu alguém que confiava em Deus. Ele confiava inteiramente n’Ele.

E com Senna, o mundo conheceu ainda mais o Brasil. Senna era Brasil. Com tudo o que o Brasil tinha de bom, com tudo o que tinha de mal, especialmente naquela altura, Senna era Brasil.

 

 

Grande Prémio do Japão. 1989. Prost-Senna. Nunca gostei de franceses. Nunca. Prost e Balestre não são casos à parte.

Não havia Prost ou Jean-Marrie Balestre ou arrogância francesa ou chuva que parasse Senna. Senna foi feito para ganhar.

 

 

Ele ganhou o Grande Prémio do Brasil com a caixa de mudanças ‘empenada’ na sexta mudança, apenas para dar ao seu Brasil o que ele realmente merecia, o máximo de Senna, as dores de Senna, o sangue de Senna.

O grito no vídeo é dele. “Eu ganhei! Eu ganhei! P*#$ que p!#$%! Eu ganhei!”.

Com os ombros doridos, com a dor visível no seu rosto, ele levantou aquela taça perante o seu povo. Senna é Brasil.

 

 

Imola. Itália. 1994. Tamburello.

Ah…

É difícil ver as imagens, quanto mais tentar descrevê-las.

“Senna bateu forte”. Bateu mesmo Galvão Bueno.

O Brasil chorou. O mundo chorou. Eu choro.

“O Brasil precisa de comida, de saúde, de dinheiro e de alegria. A alegria já foi.”

A Fórmula 1 morreu com Senna.

 

 

A melhor forma de lembrar Senna não é pela Tamburello.

A melhor forma de lembrar Ayrton Senna da Silva é relembrar Senna. Relembrar Senna.

Senna era humildade. Senna era simplicidade. Senna era preocupação. Senna era paixão. Senna era sorriso. Senna era Brasil. Senna é Brasil. Senna era um homem de fé. Senna era um homem com valores. Senna era sinceridade. Senna era um homem com objectivos. Senna era amizade. Senna era família. Senna era teimosia. Senna era o primeiro.

 

Senna tinha um dom.

Senna tinha uma vontade e era a vontade vencer. Acima de tudo, vencer. Custe o que custar, vencer.

 

Prost era classe, frieza e inteligência. Senna era coração.

 

E, hoje perguntam-me, quem foi Ayrton Senna?

Meu amigo, Senna é Senna.

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